9941 Língua Portuguesa > Semântica e estilística > CHO - Prova 2022
Sobre o artigo que você acabou de ler, há uma alternativa INCORRETA. Assinale-a.

Leia atentamente o texto abaixo e, em seguida, responda às questões propostas.

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Infoxicação: como navegar em segurança pelo mar de informações

Este artigo é a primeira informação que você consome hoje? Dificilmente. Ainda que você não tenha aberto nenhum portal de notícias e este seja o primeiro do dia, com certeza você já checou algumas (muitas!) vezes o WhatsApp, o LinkedIn, o Instagram, a sua caixa de e-mails…  Isso sem contar as informações que surgem de mecanismos, digamos, mais “básicos”, como as conversas presenciais — aliás, comentamos sobre esse hábito esquecido no artigo sobre o ClubHouse.

São muitas plataformas diferentes, todas elas fontes de informação importantes para o trabalho e também o lazer. Você tem ideia do que isso significa em números? A cada minuto, 347.222 Stories são feitos no Instagram, 41.666.667 mensagens são enviadas por WhatsApp, 500  horas de vídeo no YouTube são consumidas e 404.444 horas de conteúdo da Netflix é exibido no mundo.

Esses dados são do levantamento anual “Data Never Sleeps”, feito pela empresa de software em nuvem Domo, e nos ajudam a ter uma dimensão melhor da quantidade gigantesca de dados às quais estamos submetidos.

Justamente por conta dessa abundância toda, discutimos também questões relacionadas à proteção de dados. A sigla LGPD, aliás, está em alta há algum tempo, tamanha a importância do tema. Porém, você já parou para pensar em outro tipo de proteção? Falamos muito em proteção dos dados, mas o quanto discutimos a nossa proteção em relação aos dados?

Não quero atribuir aos dados um perigo inerente. O problema não é a informação em si, mas a forma que nos relacionamos com ela. Aumentamos de maneira exponencial a produção de dados, mas o nosso aprendizado sobre esse novo contexto não passou pela mesma revolução. Sabe aquela sensação de se sentir sufocado pela quantidade de informações? É a ela que me refiro.

Essa sensação, inclusive, tem nome: infoxicação. O termo atribuído ao físico espanhol Alfons Cornella teria surgido na década de 1990, mas descreve algo muito atual: a intoxicação pelo excesso de informação.

Uma intoxicação que, de um lado, interfere na nossa atenção — aquilo de ficar com um olho no celular e o outro na comida enquanto jantamos com a família —, e de outro afeta a nossa saúde mental, pois gera angústia e ansiedade por tentarmos estar a par de tudo o que acontece no mundo, no país, no trabalho, com os amigos e familiares. No fim, nem estamos presentes de fato — não à toa se fala tanto em economia da atenção —, nem bem informados.

Comento tudo isso não para deixá-lo preocupado, mas para pensarmos juntos na forma como nos relacionamos com os dados atualmente. Afinal, não basta ter acesso ao conteúdo, é necessário saber o que fazer com eles, saber selecionar, filtrar, avaliar. Dizemos que estamos na Era da Informação, só que, ao mesmo tempo, vivemos uma crise de desinformação, em que coisas como fake news e desconfiança já se tornaram normais.

Aliás, a edição de 2019 da “Carreira dos Sonhos”, pesquisa conduzida pela Cia de Talentos, mostrou que apenas 37% dos jovens, 31% da média gestão e 40% da alta liderança concordam que a empresa em que trabalham é transparente.

Quando o assunto é troca de conhecimento, só 44% dos profissionais jovens, 28% dos que estão em cargo de média gestão e 31% da alta liderança acreditam que seus colegas compartilham informações que ajudam no trabalho.

Se queremos avançar como sociedade, empresas, setores e economia, se queremos evoluir como pessoas, cidadãos, profissionais e líderes, precisamos parar um momento e discutir um pouco mais essa enxurrada de dados. Não só isso, mas discutir o que fazer com ela e como mudar nossa relação com o conhecimento, tanto no ambiente de ensino quanto no do trabalho. Uma dica para começar a lidar com essa questão? Resista ao hábito de querer fazer tudo ao mesmo tempo, de baixar mil livros e não ler nenhum, de começar a seguir várias contas, mas nunca de fato consumir o conteúdo. Quem tenta acompanhar tudo acaba ou não acompanhando nada ou se aprofundando muito pouco.

De novo: é importante saber selecionar, filtrar, avaliar. Criar listas de prioridade, reconhecer nossos limites e usar os recursos (incluindo o tempo) a nosso favor para que as informações não sejam uma enxurrada que nos arrastam. Em vez disso, melhor é aprender a navegar com confiança e segurança por esse mar de conteúdo.

ESTEVES, Sofia. Infoxicação: como navegar em segurança pelo mar de informações. Exame,2021. Disponível em: https://exame.com/blog/sofia-esteves/infoxicacao-como-navegar-em-seguranca-pelo-mar-deinformacoes/ Acesso em 15fev.2022.

a) Há predomínio da linguagem denotativa sobre a conotativa empregada, eventualmente, com vistas a trazer maior expressividade ao texto.
b) A autora discorre sobre um assunto cotidiano, mas que ela julga ser relevante. A intenção do texto é manter o leitor informado, sem criar alarde sobre a questão ou tentar dissuadi-lo.
c) A autora explora o emprego do verbo na primeira pessoa do discurso.
d) A autora utiliza argumentação consistente para sustentar seu ponto de vista e se vale de recursos linguísticos variados, com o fito de convencer e persuadir o leitor.

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    Questão:
    Tipo de Erro:

    Explicação do Professor:

    Questão a ser assinalada: B

    O que predomina no artigo é uma crítica e não informação, pois os números de pessoas que acessam sites de entretenimento é exorbitante em relação a porcentagem reduzida da busca e troca de conhecimento entre os jovens.

    Seguem alguns pontos em que a autora tenta criar alarde sobre a questão e dissuadir o leitor:

    - “Afinal, não basta ter acesso ao conteúdo, é necessário saber o que fazer com eles, saber selecionar, filtrar, avaliar”.

    - “Se queremos avançar como sociedade, empresas, setores e economia, se queremos evoluir como pessoas, cidadãos, profissionais e líderes, precisamos parar um momento e discutir um pouco mais essa enxurrada de dados”

    - “Uma dica para começar a lidar com essa questão? Resista ao hábito de querer fazer tudo ao mesmo tempo, de baixar mil livros e não ler nenhum, de começar a seguir várias contas, mas nunca de fato consumir o conteúdo. Quem tenta acompanhar tudo acaba ou não acompanhando nada ou se aprofundando muito pouco”.

    Por isso, a assertiva “B” encontra-se incorreta devendo ser assinalada.

    Em relação ao item A – O artigo é produzido em linguagem denotativa (sentindo literal das palavras).

    Referente ao item C- A autora fez uso fortíssimo da primeira pessoa.
    Ex.: “…comentamos.., …estamos…,…e nos ajudam…, …enquanto jantamos…

    Por fim, em relação ao item D - Ela se apoia em dados estatísticos (fontes seguras, ou seja, legitimadas).